OS FÓSSEIS NO PASSADO
Paralelamente ao início dos trabalhos de extracção, no ano de 1988, e consequente clivagem da rocha em finas lousas, surgem os primeiros achados fósseis, que não foram encarados como um estorvo à exploração, mas sim como algo importante, cuja origem era necessário compreender e preservar.
Com o objectivo de dar a conhecer o património resgatado e ao mesmo tempo cativar a comunidade científica, foi necessário procurar junto dos estabelecimentos de ensino superior forma de os expor, o que se conseguiu nas universidades do Porto (1994), Vila Real (2000), Coimbra (2001) e Lisboa (2006).
O sucesso destas mostras impulsionou a ideia de construir uma infra-estrutura destinada a expor os fósseis mais emblemáticos recolhidos desde o recomeço dos trabalhos, com o objectivo de favorecer a realização de estudos científicos de paleontologia e estratigrafia do Ordovícico. Assim nasceu, em 2006, o Centro de Interpretação Geológica de Canelas, que se apresenta actualmente como um importante pólo de atracção didáctica, muito procurado pela população estudantil de todos os níveis de ensino, assim como por um público diversificado com maior ou menor grau de especialização.
OS FÓSSEIS NO PRESENTE
O Centro de Interpretação Geológico de Canelas reúne uma multifacetada e singular colecção de fósseis resgatada ao longo de duas décadas de trabalhos industriais nas ardósias. Trata-se de exemplares formados há cerca de 465 milhões de anos (Período Ordovícico) no fundo do mar de então, que se localizava na plataforma de um grande continente (Gondwana) situado nas proximidades do Pólo Sul. Esta excepcional colecção paleontológica alberga uma fauna de invertebrados fósseis do Ordovícico Médio, onde se destacam trilobites, bivalves, gastrópodes, cefalópodes, braquiópodes, crinóides, cistóides, hiolítideos, conulárias, ostracodes, graptólitos e icnofósseis.
Provavelmente, o maior atractivo desta colecção estará relacionado com o gigantismo ostentado por algumas espécies de trilobites, ao ponto de serem consideradas as maiores do mundo.
O maior contributo das trilobites ao nível da biologia reside na descoberta de associações mono e pluri-específicas de diversos géneros. A sua concentração em grupos numerosos indica a possibilidade de comportamentos gregários, o que torna este local único ao nível do registo paleontológico.